Perdi meus pais ainda criança num acidente de carro provocado por um motorista embriagado e sem habilitação dirigindo em alta velocidade na contramão de uma rodovia. Após a tragédia, da qual tenho vagas lembranças, embora não tenha estado com eles quando ocorreu, mas que me foi relatado, na ocasião, para que eu pudesse compreender porque nunca mais voltaria a vê-los. E também, para que soubesse do motivo de ter de me mudar para a casa da tia Madalena, o único parente que me restava.
Tia Madalena era a irmã mais velha da minha mãe, dez anos para ser mais exato, e morava numa cidade do interior com o marido. Eram um casal sem filhos por algum motivo que eu desconhecia, pois ela era uma quarentona opulenta e fogosa quando fui viver com eles. No mesmo ano em que concluí o ensino fundamental, ela ficou viúva, dois anos depois do marido ter sido diagnosticado com câncer.