Desci em Realengo, muito longe do meu bairro, tudo graças ao tesão inexplicável e à loucura que cometi de dar a bunda no transporte público. Estava me sentindo exausto, sujo, imundo, de pernas bambas, as pregas devassadas, o brioco muito ardido e pegando fogo, assado pelas três picas diferentes que tomei. E o que dizer do mar de gala grossa escorrendo pelas coxas e umedecendo minha calça do uniforme do trabalho? Eu tava a cara da derrota, confesso. Mas também havia o lado bom: quando imaginei que uma noite emprestaria o cu e a boca pra três machos cafajestes e gostosos do transporte público? Nunca, então sem arrependimentos, pelo menos por enquanto.
– Preciso chegar em casa. – senti a cabeça bêbada com a surra de caralho e o banho de leite que levei.
Fiquei tão extasiado por tudo que fiz, tão pleno e completo que nem me importei de pagar um Uber pra chegar em casa, apesar do valor dinâmico de R$40 àquela hora da madrugada. 4h, tudo escuro ainda, eu sozinho no bairro de Realengo, sentado no ponto de ônibus perto de um colégio e diante do campo do quartel local. A claridade só vem mesmo quando a noite se vai, e, por enquanto, ainda tava muito escuro, ou seja, tudo podia acontecer. Quando o motorista aceitou minha corrida, olhei pra tela do celular e não acreditei no que vi.
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