Ele começou a utilizar o serviço de fretamento no início do segundo semestre, quando os demais passageiros já estavam entrosados desde o princípio do ano letivo. Ele embarcava com um grupo de meia dúzia de estudantes numa avenida movimentada onde havia muitos edifícios de escritórios de empresas de todos os tipos, pois durante o dia trabalhava na sede de uma empresa de tecnologia, antes de seguir para a faculdade, destino final de todos os demais passageiros. Havia algo nele que o diferenciava dos demais, e não era apenas aquela carinha de moleque, onde um sorriso franco e largo mostrava dentes enormes, brancos e perfeitamente alinhados, ou o corpo escultural e bem definido, onde uma puta de uma bunda gostosa e roliça preenchia suas calças. Era algo que parecia brotar de dentro
dele, uma energia talvez, uma jovialidade inocente, uma maneira positiva de enxergar a vida ou, quem sabe, o fato de nunca ter enfrentado grandes percalços em seus vinte e dois ou vinte e três anos de idade. E, foi com esse algo que eu não consegui definir que ele me cumprimentou com aquele sorriso genuíno e lindo da primeira vez que entrou no ônibus. Achei que sua motivação estava atrelada ao fato de ser a primeira vez que utilizava o serviço, pois os demais passageiros embarcavam sem se dignar a me cumprimentar, como se eu fosse invisível aos olhos deles, ou insignificante demais para receber um cumprimento. Porém, ao longo do tempo, fui constatando que seus cumprimentos eram sinceros e espontâneos, que ele gostava de me encontrar ao volante, tanto que muitas vezes, junto com o sonoro – boa tarde – ele me entregava ora uma barra de chocolate, ora uma de cereais, ora outra guloseima qualquer numa gentileza que, às vezes, conforme tinha sido o meu dia, me fazia voltar a acreditar na bondade das pessoas. Já no terceiro dia, seu cumprimento veio acompanhado da pronuncia do meu nome, algo que teve um reflexo inusitado em meu peito, cujo significado eu estava longe de compreender.
No decorrer do semestre, notei que entre aquele bando de jovens universitários, havia alguns que gostavam de mexer com ele, particularmente alguns marmanjos metidos a machões. Zoavam com ele sem pegar pesado, eram apenas algumas observações picantes, mormente dirigidas àquela bunda que realmente era capaz de mexer com o tesão de qualquer macho. Ele não as revidava, quando muito fazia algum comentário engraçado que acabava por deixar o sujeito sem graça, estratégia da qual se valia provavelmente para não exacerbar as gozações sobre sua pessoa. Disso tudo, acabei concluindo que ele era gay. O que fez acender uma luz e num primeiro instante, me fez acreditar que todas aquelas gentilezas para comigo tinham origem nessa conclusão.
Aos trinta e seis anos eu era um homem boa pinta. Minha compleição física sempre atraiu as mulheres e as bichinhas, desde a minha adolescência, o que me levou a começar minha vida sexual ainda bastante jovem e imaturo. Comi minha primeira bucetinha no colégio, não era uma bucetinha virgem, pelo contrário, a garota que tinha a minha idade, mas já contava com um vasto arsenal de técnicas para usufruir dos prazeres de um caralho. Para mim aquilo foi o máximo, meter a minha rola intrépida numa fenda úmida e macia parecia a solução mais maravilhosa para aquelas minhas ereções torturantes que teimavam em me atormentar toda vez que meus pensamentos recaiam sobre um corpo pelado, um par de seios, umas coxas torneadas ou uma bunda carnuda. Toda aquela testosterona
correndo nas minhas veias me transformou num depravado que só falava de sexo, que passava horas me punhetando vendo revistas masculinas, que corria atrás das abundantes protuberâncias da vulva de alguma novilha, no sítio dos meus avós, para enfiar minha pica avantajada todinha nela, que não dava um minuto de sossego para as garotas mais safadas e assanhadas por uma rola. Essa falta de critério nas minhas escolhas me trouxe alguns problemas e, no fundo, ainda era a origem da vida tumultuada que eu levava. Aos dezessete anos, engravidei uma prima solteirona com o dobro da minha idade. Não fosse ela abortar, o escândalo estava feito. Durante o serviço militar compulsório, passei uns dias encarcerado no quartel como punição por ter sido flagrado chupando os peitinhos de uma das inúmeras vadias que costumavam passar em frente as guaritas do quartel para flertar com os soldados de guarda.
Havia uma das guaritas que era particularmente disputada pelos soldados, pois ficava num local mais ermo e distante de onde circulavam mais pessoas, e era ideal para bater uma punheta para ajudar a passar as longas horas que tínhamos que permanecer trancafiados nela. Também ficava numa localização privilegiada, na esquina e uma rua com pouco movimento de transeuntes, que as vadiazinhas e as bichinhas gostavam de usar como passagem para mexer com os soldados na secura por por uma foda. Ali eu tive a minha primeira experiência com um gay, foi apenas um boquete, mas naquela noite resolveu minha carência sexual, embora me trouxesse mais alguns dias de encarceramento, pois um sargento me flagrou justamente no instante em que eu enchia a boca da bichinha com uma bela de uma esporrada acumulada há cinco dias. Minha impetuosidade e rebeldia me fizeram levar muitas punições naquela época, disciplina era tudo o que eu não queria nem ouvir falar, e todos aqueles cabos, sargentos, tenentes querendo mandar, me deixavam com vontade de meter um tiro bem no meio das cabeças deles.
Lembro-me nitidamente do dia em que saí do quartel numa tarde chuviscosa de outono, depois de ter amargado quinze dias de encarceramento por indisciplina. Passei todos aqueles dias só na base da punheta, e já estava subindo pelas paredes. Resolvi que antes de seguir para casa, passaria por um bordelzinho fuleiro que ficava num bairro decadente da cidade, só para dar uma trepada, uma vez que algumas das putas gostavam de foder com os soldadinhos fardados cheios de tesão, quando não de graça, por alguns poucos tostões. Assim que dobrei o
quarteirão onde ficava a tal guarita e entrei na rua deserta, encontrei com a bichinha que tinha chupado meu pau algumas semanas atrás. A figura dele me causava repulsa, e eu tinha vontade de descontar toda a minha raiva acumulada naquele gay safado. Ele era novinho, mas muito atirado, não se furtando a oportunidade de falar alguma sacanagem para qualquer macho que encontrava, de operários da construção civil, a taciturnos pais de família e, logicamente, a machos trajando fardas. Quando cruzei com ele usava um shortinho apertado com miçangas bordadas nos bolsos e uma camiseta também bem ajustada ao tronco esquálido que tinha sido cortada grosseiramente pouco abaixo dos mamilos, deixando o umbigo de fora, onde um piercing aparecia envolvido por uma tatuagem tribal.
– Oi gatinho! – ganiu ao cruzar comigo. Fiquei na minha, instintivamente minha mão se cerrou e tive vontade de meter um soco naquela cara pilantra. – Quer que eu faça outro boquete como naquele dia? – emendou, todo oferecido.
– Acabei me fodendo por causa daquilo, sabia, seu viado?
– Mas hoje você pode me foder, se quiser. Aqui fora ninguém pode te culpar de nada. Topa? – para um cara na secura total como eu estava, aquele – topa – soava como música e, não bastasse isso, ele já estava acariciando minha rola dentro da calça.
Olhei para os lados para me certificar de que não havia ninguém se aproximando e o lancei contra o muro do quartel, arranquei aquele shortinho na brutalidade e agarrei aquela bunda magra, fazendo-o soltar um gemido devasso quando enfiei o dedo no cuzinho dele.
– Ai, bruto! Assim você me machuca, tesão! – gemeu ele, virando-se e empinando a bunda contra meu corpo.
Mais do eu depressa, eu tirei o caralho duro como ferro da calça e enfiei naquele cu, socando tudo até o talo enquanto o comprimia contra o muro áspero. A bichinha começou a gritar, me deixando puto, pois se me pegassem ali, certamente amargaria mais alguma punição.
– Cala a boca, viado! Quer que todo mundo sabia que estou te fodendo?
– É que esse cacetão está me machucando, seu macho tarado! – devolveu ele, miando como se fosse uma gata no cio.
Dei meia dúzia de bombadas socando fundo naquele cu, sentindo meu saco bater na portinha do rabo antes de despejar toda a minha porra acumulada no meio das pernas daquela gazela ensandecida. A coisa tinha acontecido tão rápido que mal tive temo de curtir a gozada. Não era com isso que eu tinha sonhado, queria ter curtido a penetração numa fenda quentinha, queria ter ouvido murmúrios de elogio e prazer saindo da boca de quem eu estava fodendo, queria sentir o calor de um abraço, a receptividade de uma pele aveludada, queria ter demorado para gozar, só mexendo lentamente minha rola num vaivém cheio de tesão. O viadinho tinha acabado com minhas ilusões com aqueles gritos e aquele fingimento de estar sentindo dor num cu mais rodado que pneu de caminhão. Em vez de satisfeito e realizado, eu estava puto. Guardei o cacete melado de porra na calça e estava disposto a seguir para casa apesar de continuar insatisfeito.
– Espera um pouquinho! Posso fazer um boquete antes de você me dar outra enrabada. – exclamou, puxando o shortinho para cima. Aquele viado tinha se dado melhor do que eu, conclui e, perdendo a cabeça, enchi a cara dele de porrada. Desesperado, ele tentou fugir, me deixando mais puto ainda, gritando palavrões que podiam ser ouvidos à distância. Toda a raiva acumulada naqueles dias de encarceramento acabou por me levar a detonar a cara da bichinha. Quando o larguei caído encostado ao muro, a cara dele estava deformada de tantos socos que desferi nela. Desde então, passei a nutrir um sentimento de repúdio a qualquer gay.
Minhas experiências com mulheres também não eram nenhuma maravilha, o que talvez explicasse o fato de eu estar num segundo casamento que caminhava para o fim com uma velocidade espantosa. Casei-me pela primeira vez aos vinte e um anos, depois de a engravidar no segundo mês de namoro, antes mesmo de descobrir se era a pessoa com a qual queria partilhar a minha vida. Parecia uma sina, era eu meter minha pica numa buceta e dali a algumas semanas a garota estava grávida. Ou que outra explicação poderia haver para isso, que não a da intencionalidade delas em me amarrar a seus pés? Bastava eu me sentir preso a qualquer compromisso para tudo desandar, amarras feito um cabresto era tudo o que eu detestava nessa vida. E lá estava eu, com uma mulher que dia-a-dia se mostrava menos alinhada com os meus desejos, cheia de caprichos, pouco interessada em me dar sexo depois que conseguiu o que queria, e desfrutando sem comiseração dos frutos do meu trabalho. Enquanto eu passava o dia de sol-a-sol tentando construir nosso futuro, ela o esbanjava com futilidades. Quando resolvi fechar a torneira da gastança, ela me trocou por outro, levando consigo nosso filho de quatro anos para outro Estado. Desiludido, mas com a caceta clamando por sexo, conheci minha atual companheira. Não nos casamos oficialmente, ela veio morar comigo depois de sair da casa de uma irmã, cujo cunhado já não a suportava mais. Nos conhecemos durante o Carnaval, época que descobri ser a menos indicada para tomar decisões a longo prazo. Não era uma festa que me entusiasmava, mas acompanhado de alguns amigos, todos loucos para arranjar umas fodas descompromissadas, acabei por conhecê-la. Eu não estava carente apenas de sexo, mas de afeto e amor. Virei alvo fácil e embarquei noutra furada. Das trepadas durante os três dias de folia, passei a procurá-la nos meses subsequentes, uma vez que a bundona de égua, as tetas siliconadas e a boca sempre carregada de um batom vermelho sedutor, me deixou de quatro. A cabecinha tingida de loiro era mais oca do que a minha. Suas prioridades eram passar horas numa academia malhando o corpo que nunca estava como ela queria, embora a exuberância das curvas fosse seu maior atrativo, e sair com amigos para beber cerveja, ocasiões em que ela se insinua para os machos, me obrigando a ficar numa vigília constante e ferrenha. É justamente essa sensação de que estão me plantando uma galhada na cabeça que está acabando com nosso relacionamento. Por diversas vezes já estive a um passo de mandá-la para fora de casa, uma vez que pouco me serve, à exceção do sexo.
Eu sempre dei duro na vida, comecei a trabalhar cedo e juntando daqui, juntando de acolá, consegui comprar um caminhão usado com o qual comecei a fazer carretos. Viajei por todos os Estados, comi bucetas aqui e acolá enquanto fazia um pé de meia. As estradas são desgastantes, dias longe de casa, horas na boleia do caminhão driblando buracos, armadilhas e ladrões por todos os lados. Resolvi trocar o caminhão por um ônibus, oferecendo serviços de fretamento na cidade, o que era mais lucrativo e menos desgastante. A coisa deu tão certo que em alguns anos comprei o segundo ônibus, dando sustento para um dos irmãos e, mais adiante o terceiro, contratando um primo distante. Fiquei com o trajeto mais suave e rentável, levava funcionários de uma empresa nos arredores da cidade durante o dia e, no final da tarde fazia o segundo turno, levando universitários até uma faculdade num município vizinho. Foi nesse trajeto que meu destino cruzou com o do Lucas. Eu não esperava nada de especial da nossa relação, um usuário dos meus serviços. Se muito um coleguismo, nada além disso. Até porque, era visível que tínhamos origens muito diferentes. Não que ele fosse de uma classe abastada, mas tinha uma cultura e uma educação vinda de um berço bem mais privilegiado que o meu. O que, no entanto, nunca o impediu de ser espontâneo e gentil comigo. Daí eu achar que ele podia estar interessado nos meus dotes, que iam desde um rosto um pouco sisudo e másculo, a um corpão forte, musculoso e bastante viril, a uma jeba de fazer inveja a muito garanhão. Também era isso que me mantinha sempre com o pé atrás, a última coisa que eu queria era ter outra experiência desastrosa com um gay. Eu sou um macho nascido para ter mulher e fazer filhos, não um brinquedo de caras que nasceram homens, mas gostam de levar pica no cu.
– Oi João! Como foi seu dia hoje? Trouxe isso para adoçar sua noite, aposto que deve estar faminto! – era assim que ele entrava no ônibus rumo à faculdade. Sempre tinha uma palavra de encorajamento ou preocupação com o meu bem-estar na boca, e isso alegrava meu dia, independentemente de como ele tinha sido até àquela hora.
– Oi Lucas! Deu duro hoje no trampo? – devolvia, só para ouvir um pouco mais aquela voz entusiasmada e carinhosa.
Na volta, depois da saída da faculdade, ele era o último passageiro que eu deixava na esquina de uma avenida com uma ruela sem saída, de não mais do que cento e cinquenta metros pelos quais se estendia uma carreira de sobrados geminados, num bairro tranquilo da cidade, a pouco mais de três quilômetros da garagem onde os ônibus pernoitavam, e que também ficava próximo à minha casa. Por ser bastante ermo àquela hora, por volta da meia-noite e meia quando ele saltava, eu costumava ficar esperando uns minutos até ele entrar na viela e desaparecer na escuridão. Nunca cheguei a ver em qual sobrado ele entrava, devia ser um dos últimos da rua, pois a pouca iluminação acabava por encobrir sua silhueta antes de ele acessar a casa. Fazia isso em retribuição à preocupação que ele demonstrava para comigo e, apenas por isso.
O início do novo ano foi repleto de decisões e acontecimentos na minha vida. Terminei meu relacionamento com a segunda mulher, pois já não aguentava mais conviver com ela sob o mesmo teto. Tinha sido mais uma das minhas escolhas erradas. Mais uma das minhas escolhas decididas pela cabeça da minha pica, que nunca foi muito criteriosa em suas escolhas, bastando um corpo cheio de curvas e carnes para eu começar a babar feito um bode tarado. Os mesmos peitões turbinados por próteses de silicone e umas coxas e bunda trabalhadas na academia que atraiam outra centena de machos tinham sido os únicos critérios, depois de fodê-la durante todo o Carnaval, para eu enfia-la dentro da minha casa. No dia que ela saiu porta afora, tomei um porre, coisa que só tinha feito uma vez, há muito tempo atrás, no bacanal promovido por amigos na minha despedida de solteiro do primeiro casamento. Não foi um porre de desilusão, mas de genuína comemoração, tal quando um peso enfadonho sai de nossas costas. Como toda moeda tem dois lados, essa decisão também teve. A falta daquela buceta, mesmo que laceada e daquele cu escondido nas profundezas daquela bundona, em poucas semanas se fizeram sentir. Tentei convencer minha mente de que era um homem maduro e racional, no controle absoluto dos meus atos e desejos e que, portanto, não seria a testosterona a guiar meus passos. Pura e ingênua ilusão. Na terceira semana estava me acabando na punheta e, na quarta, já pensava em sair a procura de uma puta, tal era a fissura que atormentava minha rola. Posso me vangloriar de ter sido um herói, uma vez que resisti bravamente ao não executar a segunda opção.
A volta dos fretes noturnos com o regresso dos estudantes à faculdade, serviu para me distrair das longas horas de ócio noturnas. Eu estava particularmente saudoso do Lucas, tinha pensado bastante nele depois que mandei minha mulher sair de casa. Lembro de ter tentado afastá-lo dos meus pensamentos, uma vez que não conseguia encaixá-lo no turbilhão de sentimentos que tomaram conta de mim depois da separação. Mas, vire e mexe ele aparecia no meio deles, fosse com aquele seu sorriso amistoso, fosse com suas atitudes carinhosas, fosse com as conversas que passamos a ter durante o último trecho do trajeto quando nos encontrávamos apenas os dois no ônibus antes de ele descer, quando ele me cativava com sua instrução e educação esmeradas. Nenhum dos outros estudantes fazia isso, todos pareciam estar muito acima de um reles motorista, a quem não valia o esforço de lhe dirigir algumas palavras. Porém, o que mais me perturbava quando o Lucas invadia meus pensamentos nessas últimas semanas, era seu rosto harmonioso, quase angelical, aquele corpo escultural que, embora definido, não era forte e destemido e, especialmente aquela bunda, tão roliça e exuberante quanto a de uma fêmea, e que servia de alvo para a gozação de alguns estudantes marmanjões metidos a machos que embarcavam com ele. Caralho da porra, é você que fica colocando essas merdas na minha cabeça, censurava-me a mim próprio quando a imagem sensual do Lucas aparecia nos meus pensamentos. Chega a ser um crime você ter esse tipo de pensamentos, ele é praticamente um molecão, tem muito mais instrução do que você que apenas terminou o ensino secundário, é doze anos mais novo do que você, um homem que, embora adulto, tem dificuldade de fazer as escolhas certas, o que mais ele haveria de querer de você além de um coleguismo passageiro que cairia no esquecimento assim que não precisasse mais do serviço de fretamento. Tudo isso era real, era o que de fato estava acontecendo, e não os teus delírios libidinosos oriundos da carência afetiva que você nunca conseguiu suprir verdadeiramente, concluía eu. Essa conclusão ponderada não chegava a durar dois dias, e lá estava eu pensando novamente nele.
O danado do garoto devia estar tão saudoso quanto eu pois, no primeiro dia de aulas, me cumprimentou tão efusivamente com seu corpo todo bronzeado e, com um abraço tão carinhoso que cheguei a ficar sem graça, uma vez que logo em seguida fiquei com o pau tão duro que ficou incômodo ficar sentado naquele assento atrás do volante. Em algumas semanas a rotina tinha se restabelecido, o Lucas parecia estar mais atarefado com os trabalhos da faculdade, já que aproveitava o trajeto para enfiar a cara nos livros. Eu ficava a meditar sobre quem seriam seus pais, se tinha irmãos, como era sua vida familiar, o que o levava a trabalhar por tantas horas e ainda frequentar uma faculdade noturna, embora resposta a essa pergunta parecesse óbvia, progredir na vida uma vez que, talvez ele não tivesse uma condição tão privilegiada quanto eu supunha. Aliavam-se a essas questões as de cunho afetivo. Teria ele alguma namorada, uma vez que era um garoto extremamente atraente e tinha tudo para ser um ótimo partido para qualquer mulher. A porra era que ele não me saia da cabeça.
Entramos no mês de maio, o Lucas não embarcou rumo à faculdade naquela terça-feira como costume ao sair do trabalho. Senti falta do seu cumprimento gentil. Talvez teve outro compromisso, ou não tinha aula naquele dia, embora outros estudantes de sua classe estivessem no ônibus, ou tinha resolvido simplesmente não ir à faculdade, mas por que não me disse nada no dia anterior ao nos despedirmos perto da casa dele. Eu estava me dando muita importância na vida daquele garotão. De fato, ele não me devia explicação alguma. Nos dias seguintes sua ausência se repetiu, e eu comecei a me preocupar. Não parecia ser do feitio dele não dar nenhum aviso por não usar o serviço. Os estudantes que questionei também não sabiam de nada, além de ele não ter comparecido às aulas.
Talvez fosse ser questionado por seus pais ou qualquer familiar que morasse com ele sobre o meu atrevimento de me meter na vida dele e querer saber de seu paradeiro, mas eu não podia mais aguentar aquela falta de notícias. Na sexta-feira daquela semana, ao regressar depois de ter deixado todos os estudantes, estacionei o ônibus o começo da viela onde ele morava. Eu não sabia em que sobrado ele vivia, mas caminhei até onde eu costumava ver sua silhueta desaparecer. Faltavam apenas três sobrados desse ponto até onde a rua tinha uma pequena rotatória toda ajardinada que permitia aos carros fazerem o retorno sem precisar manobrar diante das casas. Passava da meia-noite e meia, não havia viva alma na ruela e, dentro das casas parecia que todos já dormiam. Um único sobrado tinha uma luz amarelada de um abajur junto ao janelão da sala que dava para o jardinzinho que antecedia a entrada da casa. Tocar a campainha para perguntar pelo Lucas, de repente, me pareceu uma sandice sem tamanho àquela hora. Que se foda o que vão pensar ou dizer, pensei com meus botões e apertei o botão da campainha. Um senhor de meia idade, vestido num pijama e com cara de poucos amigos, enfiou a cabeça pela vidraça do janelão que fez correr apenas o suficiente para se comunicar comigo. Que disparate, tocar a campainha na casa errada àquela hora da madrugada, eu não tinha coisa melhor a fazer naquele horário e, não, o Lucas não morava ali, mas no último sobrado do lado oposto da rua, que o diabo me carregasse, despejou o velho mal-humorado, ignorando meu pedido de desculpas. Hesitei uns instantes diante do sobrado que ele me indicou, provavelmente seria recebido da mesma maneira, senão pior. Mais uma vez, foda-se. Ao menos saberei o que está acontecendo, e apertei o botão do interfone onde uma câmera permitia saber quem estava à porta. O sobrado estava às escuras, toquei uma vez, uma segunda depois de alguns minutos e, persistindo além do tolerável, mais uma terceira vez. Embora ninguém respondesse, acenderam-se algumas luzes, primeiro no andar superior, depois no inferior e no jardinzinho.
– João? O que faz aqui a essa hora? – foi um tremendo alívio reconhecer a voz do Lucas no interfone, cheguei a sentir como se me tivessem tirado uma bigorna do peito.
– Desculpe a intromissão eu queria ….. – interrompi minha resposta quando a porta se abriu parcialmente e identifiquei o Lucas metido num short. Cruzei o jardinzinho com passos tão largos que imediatamente me vi diante dele, e o horror tomou conta de mim.
Aquele rosto lindo de onde sempre brotava o mais doce sorriso que eu conhecia estava totalmente deformado por hematomas escuros e inchaços que fizeram desaparecer o olho esquerdo por completo. No meio daquela cabeleira de fios pesados e lustrosos abria-se uma brecha que permitia ver alguns pontos de sutura no couro cabeludo, assim como outros no lábio inferior e mais alguns no supercilio esquerdo. Tanto no tronco bronzeado quanto nos braços havia imensos hematomas arroxeados, e percebi que ele fazia um esforço enorme para se mover.
– Lucas! O que foi isso? Pelo amor de Deus! Quem fez isso com você? – perguntei quase aos berros.
– Não sei exatamente quem foi, eles estavam à minha espera na segunda-feira depois que desci do ônibus e entrei na rua, estava a poucos passos daqui quando os vi surgir do nada. Eram três machos fortões que falaram pouco enquanto me surravam com suas mãos pesadas. Tentei me defender, mas foi inútil. Só me largaram e saíram correndo quando uma vizinha acendeu as luzes atraída pelos meus gritos de socorro. – respondeu ele.
No mesmo instante tomei-o nos meus braços e o apertei contra o peito, ele gemeu, pois devo ter comprimido algum de seus ferimentos, mas naquele momento eu queria protegê-lo, mesmo que tardiamente, de qualquer mal. Ao ouvi-lo se expressar dizendo que foram três machos, uma luz se acendeu na minha mente. O Lucas é gay. Só um gay se refere a um homem como macho. E, para piorar, fui transportado para o passado à velocidade da luz, para o dia em que cobri aquela bicha que tinha chupado meu pau no muro do quartel. Eu era um animal homofóbico igual aqueles que fizeram isso com o Lucas. Sim, não passávamos de selvagens preconceituosos, criminosos que nunca aprenderam a conviver com as diferenças, homens que não eram homens, mas bárbaros primitivos e castradores. Subitamente os batimentos acelerados do coração do Lucas e a pele quente e perfumada dele contra o meu peito me fizeram apertá-lo cheio de carinho, como se isso pudesse de alguma forma redimir o que fiz no passado.
– Que bom que está aqui! – exclamou ele, tentando colocar um sorriso débil no rosto mutilado, e se aconchegando em mim, como se meu corpo fosse uma tabua de salvação flutuando no mar.
– Você foi à polícia? Esses bandidos precisam pagar pelo que fizeram. Por que não entrou em contato comigo? – eu só falava besteiras, meus pensamentos estavam todos embaralhados, minhas palavras não faziam sentido. Eu só queria cuidar dele, mas não sabia como.
– Fui, mas como não reconheci nenhum deles, a polícia pouco pode fazer. Sou apenas mais um a entrar nas estatísticas, o mais é por minha conta e prejuízo. – afirmou ele.
Eu parecia um tolo, não me atrevia a soltar aquele corpo aconchegado ao meu, temendo nunca mais sentir aquele prazer que estava experimentando. Não podia ficar ali a noite toda, mas não queria ir embora. Não sabia o que dizer, como agir; porém, sentia um desejo ardente de afagar delicadamente com as pontas dos dedos cada uma daquelas feridas. Naquele momento desejei o Lucas com todas as minhas energias, desejei-o afetivamente, desejei-o impudica e sexualmente. Ele me fez entrar, parecia também não querer que me fosse. Morava sozinho na cidade desde que se mudou do interior. Relatou detalhadamente tudo pelo que tinha passado. Ficou cansado. Insisti para leva-lo ao quarto, ele aceitou com um olhar de desamparo. Tive vontade de beijar aqueles lábios vermelhos e úmidos, mas ia parecer outro crápula tentando me aproveitar da minha superioridade muscular. Ele soltou uns ‘ais’ quando a cabeça tocou nos travesseiros, e outros quando ajeitou o corpo sobre o colchão, demonstrando o quanto o haviam machucado.
– Obrigado! Está tarde, vá para casa! Quando eu estiver melhor nos veremos. – disse numa voz titubeante. Nem que ele convocasse um exército eu o deixaria ali sozinho. Ele riu quando me pronunciei decidido. Pegou minha mão, colocou-a sobre o peito envolta nas dele e adormeceu. Eu me apaixonei por ele naquele instante, a mais avassaladora e fulminante paixão que já havia sentido. À revelia de qualquer instituição, preconceito ou reserva eu ia ser o macho daquele garotão pelo tempo que ele desejasse, que eu torcia ser para todo o sempre.
Passei o restante da noite velando o sono dele. Mesmo ao mudar de posição, ocasião em que, cochilando, eu abria assustado os olhos, ele não soltava da minha mão. Deslizava meus dedos por entre os longos fios de seus cabelos, o que parecia embalá-lo num sono ainda mais profundo, e me fazer voltar a cochilar. Eu estava recostado na cabeceira da cama, todo torto numa posição forçada que me provocava um formigamento no ombro e braço sobre o qual todo o peso do meu corpo se apoiava, quando senti os raios do sol que se infiltravam pela veneziana batendo no meu rosto. O Lucas havia se levantado, a cama tão vazia quanto a minha mão me deixou entristecido. Ouvi o chuveiro correndo pela fresta aberta da porta do banheiro. Meu primeiro impulso foi ir ter com ele. Contudo, parei diante da porta, ele podia se sentir constrangido se eu o visse pelado.
– João! – chamou lá de dentro, quando notou minha presença pela fresta da porta.
– Sim, bom dia Lucas! – respondi acovardado.
– Se estiver precisando usar o banheiro fique à vontade. – ofereceu ele, adivinhando a minha precisão de dar uma mijada.
– Desculpe a indiscrição, mas estou mesmo bastante apertado. – devolvi, ao mesmo temo em que meu olhar foi fisgado por aquele corpo esplendido que se movia todo molhadinho dentro do box.
– Quem lhe deve desculpas sou eu, por não ter te oferecido um lugar mais confortável para passar a noite. – respondeu ele, enquanto tirava a espuma do xampu dos cabelos, felizmente não tendo como notar o tamanho do meu cacete em plena ereção matinal.
Mal prestei atenção no que ele dissera, meus olhos enfeitiçados só conseguiam enxergar aquela espuma deslizando pelas costas dele e escorrendo para dentro daquele rego estreito formado entre as nádegas volumosas. Fiquei segurando a pica feito um aparvalhado, até esquecendo da premência que me trouxera até ali. Ao se virar na minha direção e olhar para mim ali parado feito uma estátua hipnotizada, foi que voltei a colocar os pés no chão, pois até então, estava flutuando nas nuvens. Imediatamente me virei na direção do vaso sanitário e comecei a liberar os jatos potentes que quebraram o silêncio ao baterem na água com estrondo.
– Vou providenciar toalhas limpas para que possa se refazer da noite mal dormida! – exclamou ele, com uma toalha enrolada na cintura e secando os cabelos com outra. Minha vontade era a de o tomar em meus braços como fizera na noite anterior, beijar aquelas omoplatas nuas e deixar minhas mãos percorrerem livremente aquele corpo escultural. – João! João? Está me ouvindo? – continuou ele, enquanto eu ainda me sentia enfeitiçado por toda aquela beleza.
– Oi! Ah, não precisa se preocupar comigo. Vou te deixar à vontade. – respondi.
– É o mínimo que posso fazer para retribuir a sua gentileza. – Puta merda, por que ele precisava ter essa voz tão meiga, esse olhar tão doce, essa fisionomia tão vulnerável? Minha vontade era a de arrancar aquela toalha da cintura dele e enfiar meu caralho todinho, que até agora continuava duro feito aço, naquela bundinha lisa e roliça. Ele notou como eu procurava disfarçar a ereção, mas providenciou as toalhas e as colocou na minha mão. – Também vou providenciar um sabonete! – emendou ele.
– Você deveria estar descansando, se recuperando, e não bancando a minha babá! Eu é quem deveria estar cuidando de você! – afirmei.
– Imagina se isso tem cabimento! Por que você faria uma coisa dessas? Não tem nenhuma obrigação para comigo. – retrucou ele.
– Porque eu te ….. Porque gosto muito de você e, no momento, é você quem precisa de ajuda! – devolvi, quase deixando escapar que o amava, o que seria outra de minhas imprudências motivadas pelo tesão.
Acionei o monocomando para que apenas água fria caísse sobre meu corpo. Tinha que haver um jeito de fazer desaparecer aquele calor abrasador que se apossara de mim, e com um pouco de sorte, encolher um pouco o meu cacete, que parecia estar esperando por uma orgia. Encontrei o Lucas nu no quarto quando saí do chuveiro. Ele havia separado as roupas sobre a cama, mas não as vestira, para meu delírio e prazer. Sempre fui desajeitado para me secar após o banho, esquecia da cabeça, mesmo sentindo os pingos escorrendo sobre os meus ombros. Quase enlouqueci quando ele se aproximou do braço da poltrona onde eu havia me sentado e começou a secar meus cabelos. A nudez dele estava a centímetros de mim, atentando minha libido como um capeta. Junto com o calor do corpo dele, vinha o perfume de sua pele. A ereção que eu tinha conseguido controlar já estava se formando novamente, mais radical, mais protuberante.
– Não acho uma boa ideia você continuar com isso! – exclamei constrangido.
– É por causa do que está acontecendo aí debaixo da toalha? – perguntou ele objetivamente.
– Não é razão suficiente? – devolvi. Ele sorriu com tanta doçura que perdi o controle.
Puxei-o ao meu encontro com uma pegada tão forte que o fiz soltar um ‘ai’ ao sentir seus ferimentos, grudei minha boca na dele e meti a língua naquela boquinha aveludada e doce. Ele se apoiou nos meus ombros e me retribuiu a sequência de beijos que fui dando nele. Passei as mãos nas nádegas dele, lisinhas e macias como cetim. Ele me encarava sem dizer nada, permitindo que eu me apossasse de seu corpo, parecia estar esperando por aquele momento desde há muito. E eu, naturalmente, um tarado pervertido, ia requisitando tudo a que tinha direito, enquanto ele simplesmente se entregava sem recato.
– Você está me pondo maluco, sabia? – grunhi junto à nuca dele, sentindo o perfume inebriante de seus cabelos.
– Você também! – balbuciou ele, afagando meu rosto com suas mãos macias.
Meti um dedo no cuzinho dele até ele soltar um gemido. A fendinha era tão estreita e assustadiça que logo um espasmo a travou, prendendo meu dedo dentro dela. Ele procurou minha boca provocando-a com seus lábios úmidos, e pousando beijos delicadamente sobre ela para que não lhe causassem dor no ferimento suturado. Eu não podia ser um crápula tão egoísta a ponto de meter meu pau dolorido naquele rabinho. O Lucas tinha acabado de passar por uma experiência traumática, eu não podia ser mais uma.
– Sinto muito por não estar em condições de te dar o que você merece! – afirmou ele, quando minha rola saiu da fenda aberta da toalha.
– Não faltarão oportunidades para isso. Por enquanto, quero apenas que se recupere. Estar aqui com você já é um prêmio sem tamanho. – devolvi.
– Você é um macho maravilhoso! – sussurrou docemente, encostando a cabeça no meu ombro. Eu queria que o tempo parasse ali, comigo abrigando aquele corpo nos meus braços. Ele me queria como seu macho, e eu ia ser esse macho.
Passei rapidamente em casa para pegar algumas roupas e artigos pessoais pois o obriguei a aceitar minha companhia por todo final-de-semana. Ele alegou que não queria me dar trabalho ou mudar minha rotina para ficar com ele, mas no fundo percebi que ficou feliz em ter a minha companhia. O Lucas era realmente especial, já no primeiro dia e depois de passarmos algumas horas juntos, fui notando quão sensível ele era para captar o que se passava no íntimo das pessoas, como sabia ser generoso e carinhoso, como estava enfrentando aquele revés com altivez, não se deixando abalar em sua essência apenas porque o mundo estava cheio de sujeitos sem caráter como os que o tinham espancado. Isso só foi me mostrando o quão diferente nós éramos. Eu era como aqueles sujeitos, tinha cometido a mesma crueldade que eles no passado e, até ontem nunca tinha me questionado o arrependido dessa atitude. Aquela vez eu esmurrei aquela bichinha que gritava com a minha rola entalada no cu como se ela fosse um saco de pancadas, sem sentimentos, sem desejos, imune ao desprezo da sociedade. Como pude ser tão desprezível?
O Lucas ajeitou o quarto extra para mim com um capricho e um cuidado todo especial, era maravilhoso constatar como ele estava sendo receptivo em me acolher. Eu andava pela casa observando-o fazer suas coisas e não conseguia parar de ter ereções, como se fosse um moleque recém entrado na puberdade. Eu disfarçava como podia, mas ele notava cada uma, sabendo que era a causa delas. Eu mais parecia um garanhão preso dentro de uma baia num estábulo aspirando o ar impregnado do cio das éguas, tão perto e sem poder alcançá-las.
– Me sinto culpado por não conseguir atender suas necessidades. Sei que estar aqui comigo é uma tentação e uma tortura para você. Não seria melhor você ir para casa? Não quero te ver sofrendo. Também não é justo que deixe sua mulher para ficar comigo. – sentenciou ele, ao presenciar meu falo priápico.
– Não, não seria! Em casa eu não teria a sua companhia, não poderia ficar olhando para você, ouvindo sua voz, curtindo cada um dos teus gestos. Eu estou bem, pode ter certeza. Quanto a minha mulher, não existe mais. Nós nos separamos pouco antes do final do ano. Felizmente, já estou só há alguns meses. E não se preocupe com esse sujeito aqui, ele precisa aprender que tudo tem seu tempo e sua ocasião. – respondi, ajeitando a rola dura na bermuda. O sorriso tímido que ele me devolveu por pouco não me leva a partir para cima dele.
– Eu não sabia que tinha se separado, sinto muito! – exclamou, sem fazer ideia da dimensão e do prazer que a saída daquela mulher da minha vida tinha me causado.
Fiquei horas com as mãos cruzadas sob a cabeça sobre o travesseiro, no quarto que ele havia arrumado para mim, tentando pegar no sono na primeira noite. Mas, saber que ele estava naquela cama espaçosa no quarto ao lado, sozinho, com aquela cueca slip cavada em que o vi entrar debaixo do lençol e, que mal dava conta de cobrir suas nádegas volumosas, enchia minha cabeça de pensamentos libidinosos. Não ia conseguir dormir, isso era certo. Descalço, caminhei até o quarto dele e, mesmo na penumbra, consegui ver que o calor o fizera afastar o lençol deixando seu corpo quase todo exposto. Com cuidado para não despertá-lo, deitei-me ao lado dele. Voltei a enxergar a imagem do garanhão preso na baia do estábulo, quando senti o perfume dos cabelos dele nos travesseiros, da pele quente dele roçando os pelos do meu peito, pois eu havia me aconchegado impudicamente a ele, quase tentando colocar minha ereção dentro do reguinho que já havia engolido uma boa parte da cueca que ele estava usando. Ele deve ter sentido o calor que meu corpo emanava, pois pouco depois de eu entrar na cama, ele se virou na minha direção e lançou seu braço sobre o meu tórax. Sorri feito um bobalhão. Eu ia lhe dar refúgio toda vez que o viesse procurar, só precisava encontrar uma maneira de dizer isso a ele. No domingo pela manhã, acordei encaixado em conchinha nas costas dele. Ele segurava meu braço que circundava seu tronco e dormia como um bebê.
O Lucas ficou mais uma semana sem ir ao trabalho e às aulas na faculdade, sentia-se constrangido de mostrar aquele rosto mutilado que despertaria a curiosidade de todos sobre o motivo da agressão. Todas as noites eu deixava o ônibus na garagem após cumprir o trajeto, pegava minha motocicleta e ia ter com ele. Apesar de tarde, ele me esperava com o jantar pronto e uma mesa posta com capricho. Jantávamos e íamos para a cama, a mesma cama, pois eu já não escondia mais minhas intenções para com ele. Estava só aguardando sua completa recuperação para me esbaldar naquela bunda tesuda, e ele sabia disso, sem que dissesse ou fizesse algo em contrário para me demover dessa ideia. Na segunda-feira da semana em que voltou às atividades, praticamente sem sinais do que havia lhe acontecido, ele tomou meu rosto nas mãos e me beijou ao se despedir de mim na volta da faculdade.
– Acho que agora você deve estar louco para ter sua rotina de volta, não é? Vamos nos encontrar apenas no ônibus, como sempre foi. – ele questionava isso com a voz balbuciando e uma expressão triste naquele rosto recuperado e tão lindo.
– É isso que você quer? Porque eu quero bem mais do que isso! Quero viver ao seu lado, quero que venha morar comigo, quero que seja todo meu! – respondi abraçando-o.
– Tem certeza que quer um garotão inexperiente como eu na sua vida? Mal saí dos cueiros, enquanto você é um homem incrivelmente lindo e sexy, que não se deixa surpreender pela vida. – retrucou ele.
– Me acha mesmo lindo e sexy? Ganhei meu dia! – respondi, contente como um moleque que acaba de ver seu time ganhando um campeonato. – Eu quero você exatamente do jeitinho como é! E quando digo que quero você, você sabe a que estou me referindo, não sabe? – emendei ligeiro.
– Sei! Sei porque é o que eu também quero. Quero que seja meu macho! – ele estava tão convicto que o agarrei ali mesmo.
Depois de estacionar o ônibus apressadamente junto à esquina, e debruça-lo sobre a primeira fileira de bancos, onde arriei sua calça junto com a cueca, tirei minha pica e a enfiei na maciez do cuzinho dele. Ele gritou quando meu caralho distendeu suas preguinhas e varou os esfíncteres apertados. Eu estava tão excitado que nem me lembrei que ele ainda podia ser virgem, e aquele grito pungente praticamente me deu a certeza disso. Não havia mais o que fazer, eu já estava com mais da metade do cacete enfiado no cuzinho dele, só me restava ser menos bruto dali em diante. O Lucas se agarrava aos bancos mesmo eu tendo maneirado a intrepidez com a qual fodia aquele cuzinho estreito. Minha pica estava tão constritamente envolta pela musculatura anal dele que, só isso, já era suficiente para me deixar delirando de prazer. Ele gemia deliciosamente a cada estocada que eu dava no rabo dele, mantendo-o empinado junto à minha virilha à revelia da impetuosidade das minhas penetrações, que chegavam fundo naquele cuzinho quente. O ônibus estava às escuras, a luminosidade que passava pelos vidros vinha da rua, mesmo assim, durante o vaivém das bombadas pude ver sangue no meu caralho. Eu estava descabaçando o garotão. Senti uma felicidade e um prazer indescritíveis por ele estar se entregando para mim apesar da dor que eu lhe causava.
– Ai, João! Ai, meu cuzinho, João! – balbuciou ele, enquanto gemia tão sensualmente que minha única vontade era a de arregaçar aquele cu deixando minha marca naquele casulo receptivo.
– O que tem o teu cuzinho, Lucas? Fala para o teu macho o que tem com o seu cuzinho, fala! – bufei feito um touro ensandecido. – Eu tirei o cabaço dele, foi? Fala para mim se eu acabo de tirar seu cabaço, fala! – emendei, sem parar de estocar meu cacete tão fundo que meu saco ficava entalado no reguinho dele.
– Ai, João! Eu quero ser seu! Eu nunca tinha sentido algo tão gigantesco e maravilhoso no meu cuzinho. Você é meu macho, João, meu macho! – gania ele, deixando-se rasgar pelo meu caralho grosso e volumoso. Seguramente o paraíso era ali, no meio das pernas daquele garotão, no fundo do rabo daquele molecão tesudo do caralho. Quando minha pelve começou a se retesar, anunciando o gozo iminente, eu soltei um urro expressando todo aquele prazer que havia se acumulado em meu peito, e ejaculei naquela fendinha até a porra transbordar.
O Lucas tremia todo quando o tomei nos braços e o beijei feito um alucinado pelo que ele tinha me proporcionado. Caminhei ao lado dele até sua casa, pois seus passos eram inseguros denotando o quanto eu tinha esfolado seu cuzinho. Deixei-o com a promessa de voltar assim que deixasse o ônibus na garagem e, com a promessa de que ele agora tinha um macho todas as noites em sua cama para se aninhar.
Levei pouco mais de meia hora para estar de volta. Ele havia se lavado, a prova estava na cueca ensanguentada deixada no banheiro. Estava nu quando entrei esbaforido no quarto, sorriu para mim e abriu os braços. Fui até ele e deixei-o afagar meu rosto, abrir minha camisa e acariciar meus cabelos do peito. No primeiro beijo que ele me deu senti que estava querendo dar o cu novamente. Eu não ia decepcioná-lo, mas antes queria sentir aquela boquinha aveludada e generosa engolindo minha pica. Ele pareceu adivinhar meu pensamento, olhando profundamente nos meus olhos, colocou um sorriso acanhado no rosto enquanto desabotoava a minha camisa e calça. Deixei-o trabalhar sentindo a excitação que ia se apoderando dele à medida em que me despia e minha masculinidade se tornava mais explícita. Sua empolgação com as características físicas de um macho era quase palpável. Ao baixar minha calça e minha cueca ele viu meu caralho cara-a-cara pela primeira vez e, eu podia jurar que aquela fração de segundo em que seus olhos pareciam faiscar de tão brilhantes, seu cuzinho se contorceu da lembrança recente da minha pica dentro dele. Ele veio procurar minha boca com um beijo dengoso, como se estivesse pedindo permissão para pegar na minha rola. Eu sentia tanto tesão que meu pau crescia a olhos vistos. Peguei a mão dele, levei-a aos lábios e a beijei, antes de fazê-la deslizar pelo ventre até a virilha, onde a deixei para que ele continuasse a explorar minha virilidade. Seus dedos longos e finos penetraram nos meus pentelhos com uma suavidade que mais parecia o de uma pluma flutuando no ar. Precisei controlar minha impetuosidade, pois não pensava outra coisa que não a de meter minha verga no rabo dele. Me excitar estava sendo uma experiência nova para ele e que o fez sentir o poder latente que possuía. Bufei quando a mão delicada dele se fechou ao redor da minha rola latejante. Tive vontade de ordenar que chupasse meu cacete, mas não sabia se ele estava disposto a colocá-lo na boca, algo que nem todos gostavam de fazer, ou por se sentirem enojados, ou simplesmente por não aceitarem tão facilmente a dominação de outro homem, pois uma jeba na boca era a mais submissa das atitudes que se podia ter. Porém, ao vê-lo lamber os lábios, tive a certeza de que ele ia me chupar. Ele se ajoelhou aos meus pés, afagou minhas coxas peludas, confirmando mais uma vez o quanto gostava dos pelos de um macho, e abocanhou a cabeça da minha pica. Gemi de tanto prazer. No início, ele parecia um pouco perdido, sem saber bem o que fazer com aquela estrovenga que tinha nas mãos, mas não demorou a descobrir os prazeres que ela podia lhe proporcionar, ao ir lambendo e chupando carinhosamente a carne quente que pulsava em sua boca. Eu me contorcia, mal conseguia ficar parado em pé, sentindo aqueles lábios úmidos vasculhando toda a extensão da minha pica, dando mordiscadinhas na pele dela, lambendo o pré-gozo que escorria pela glande, sem contar os dedos dele que massageavam e apalpavam minhas bolas.
– Está gostando? – perguntei, quando ele ergueu o olhar meigo na minha direção.
– Você é tão lindo, João! – exclamou servil.
Não aguentei mais do uns poucos minutos aquela boca aveludada sorvendo meu pau babando. Puxei-o para cima, apertei-o contra meu corpo e o beijei, meti minha língua nele com toda a avidez da qual estava tomado, para que soubesse que ia entrar nele por inteiro. Comecei enfiando um dedo no cuzinho machucado dele. Ele gemeu quando atravessei os esfíncteres esfolados. O buraquinho estava úmido quando meu dedo rodopiou em seu lúmen, era a minha porra.
– Você não lavou a minha porra do seu cuzinho? – perguntei, tão excitado com aquela constatação que mal sabia o que fazer.
– Não! Eu queria continuar te sentindo dentro de mim. – respondeu ele, tão espontaneamente que quase enlouqueci de tesão.
– Você me deixa maluco, sabia? Por que quer me sentir dentro de você? – perguntei, quase adivinhando a resposta.
– Porque quero que seja meu macho, quero guardar seu sêmen viril como um presente com o qual você me agracia. – confessou.
– Um presente? Minha porra é um presente?
– É! Quero que você me presenteie com ela muitas vezes, promete?
– Ah, Lucas! Você não existe, meu tesudinho! Prometo, prometo que vou encher esse cuzinho gostoso com a minha porra, até você se enjoar dela. – asseverei.
– Nunca vou me enjoar dela, João! Nunca, juro! – eu me arrepiava todo quando ele pronunciava meu nome. Um nome tão banal que na voz dele virava uma ode à luxúria.
Coloquei-o de bruços sobre a cama, apartei suas pernas e fui afundando minhas mãos no reguinho dele. O cuzinho lanhado piscava para mim com as preguinhas inchadas e rotas que meu pau havia dilacerado há pouco. Lambi a rosquinha enquanto ele gemia de prazer e empinava o rabo na minha direção demonstrando o quanto me desejava. Em seguida, apontei a cabeça da rola sobre a portinha do cu e comecei a pressionar. Quanto mais a glande distendia as pregas mais ele gania, deviam estar doendo, já que estavam machucadas, mas ele não colocou nenhum empecilho para que eu continuasse. Com o sangue fervendo nas veias, meu tesão só aumentava ao saber que ele ia se entregar para mim, mesmo já estando machucado. Pincelei o pau babando algumas vezes sobre a rosquinha na tentativa de lubrifica-la, e lhe causar menos dor quando fosse meter a pica nele. Mesmo assim ele gritou quando o penetrei com a estocada abrupta que fez metade da minha rola entrar no cuzinho dele. O Lucas se agarrou ao lençol com tanta força que o arrancou do colchão, enquanto seus dedos iam se isquemiando à medida que ele os cravava no tecido. Esperei até ele se acostumar aquele volume entalado em seu rabo, o que ele fez controlando a respiração e relaxando paulatinamente a musculatura anal, quase instintivamente, como se já carregasse no DNA a submissão aos machos. Mesmo assim, nunca senti minha pica tão apertadamente agasalhada dentro de uma fenda, o que me fez ir metendo o restante aos poucos, estocada por estocada, ganido por ganido, que vez ou outra se transformava num gritinho que ele tentava, a todo custo, sufocar, enfiando a cara e mordendo o travesseiro ao qual se agarrou. Há muito eu já havia perdido a conta de quantas vezes fiz sexo, mas o prazer que ele estava me fazendo sentir nunca teve paralelo. Até durante o vaivém cadenciado que imprimi ao foder o cuzinho dele, eu conseguia sentir nitidamente como ele travava os esfíncteres e mastigava minha rola, agasalhando-a carinhosamente com toda aquela abundância de carnes da bunda roliça. Aquilo sim é que era prazer, aquilo sim é que era trepar, precisei chegar a essa idade para descobrir o que até então ninguém tinha conseguido me fazer sentir. E, precisou ser um gay a me mostrar como eu podia ser feliz, e o que significava estar verdadeiramente apaixonado. O Lucas estava de quatro levando meu caralho no cu quando o vi gozando sobre a cama. Assim que se apercebeu da proximidade do gozo, começou a ganir mais alto, a rebolar na minha pica, a se retesar todo, e a franquear seu cuzinho para mim querendo ser galado. Aproveitei-me de seu desprendimento alucinado para fodê-lo com mais vigor, mesmo que isso arregaçasse ainda mais aquele cuzinho gostoso. Cheguei a sentir uma dor se formando no cacete e, simultaneamente, tanto prazer que não consegui mais retardar o gozo. Enquanto o Lucas rebolava no meu pau, eu ejaculava fartamente no cuzinho dele, envolto em um prazer delirante. Arfando e todo suado, me deixei cair ao lado dele. O dia tinha sido estafante, mas aquelas duas trepadas praticamente seguidas no final dele compensaram tudo. Para suprir de paixão ainda mais aquele dia, o Lucas se inclinou sobre mim, me cobriu com seus beijos carinhosos e me acariciou o saco aliviado daquela pressão que a porra contida nele me causava.
– Vou acabar me apaixonando por você! – exclamei, quando encarei seu sorriso de felicidade.
– Essa é a intenção! Assim você vai saber o que eu sinto exatamente por você! – devolveu ele, revelando pela primeira vez o que eu significava para ele.
Nunca me senti tão feliz. Aquele garotão podia facilmente encontrar alguém com seu nível, sua instrução, com seu potencial, mas estava se declarando com toda pureza de alma para mim, um sujeito primitivo que um dia teve a desfaçatez de surrar um gay por não achá-lo digno de estar vivo, de se aproveitar das mulheres que cruzaram meu caminho como se não passassem de objetos sexuais. O que essa criatura especial e doce viu em mim?
Levei o Lucas para morar comigo, pois já não conseguia ir para cama sem a companhia dele, já não conseguia ver minha casa sem que ele estivesse deixando sua marca em cada cantinho do que ia se tornando, pela primeira vez, um lar para mim, um lugar onde eu me sentia realizado, um lugar onde havia alguém esperando ansiosamente pelo meu retorno.
Conhecer a família dele no interior não foi tarefa fácil. O sogrão e a sogrona me viam como o responsável por ter desvirtuado o filho deles, que nunca tinha manifestado qualquer tendência homossexual, até então. O Lucas levou um tempo para conseguir convencê-los de que as coisas não se deram assim, de que nosso amor foi crescendo sem que nós nos apercebêssemos dele, de enfiar na cabeça deles que eu o tinha ajudado e confortado quando o violentaram, de que eu estava dando sentido à vida dele. Íamos constantemente visita-los, e eles a nós. O tempo foi mostrando como nosso relacionamento era harmônico e sincero. A mesma opinião que eu tinha, de que o Lucas podia ter se arranjado com alguém de outro nível, também permeou o pensamento deles a princípio. Mas, lentamente, fui vendo que estavam me enxergando com outros olhos que, se não fui a melhor escolha, ao menos era a que estava sendo responsável pela felicidade do filho deles. E, esse objetivo comum, foi derrubando as barreiras entre nós.
Outra mudança que ele começou a promover na minha vida foi a de procurar pelo meu filho. Cheguei a dar uma bronca nele por estar se metendo onde não devia, mas logo me arrependi. Ele podia fazer tudo comigo, eu o amava tanto que não havia uma única lacuna na minha vida da qual ele não fazia parte. Ele tanto vasculhou que conseguiu fazer contato com a minha primeira mulher, convencendo-a a permitir que eu me reaproximasse do meu filho. Ela era uma pessoa tinhosa, mas o Lucas a levou no papo. A safada até se referia a ele em termos carinhosos, coisa que nunca fez comigo, nem quando corria atrás de mim para conseguir aquela gravidez. Quando agendamos uma visita para que revesse meu filho, ela me recebeu com frieza e descaso, mas ao Lucas se abriu como uma puta abre as pernas para um cliente abonado. Ela tanto confiou nele, que não demoramos a ter meu filho passando temporadas em nossa casa. Ele sabia que essa reaproximação significava muito para mim, e lutou por isso com todas as suas habilidades. Assim como conquistou o amor do meu filho depois de apenas alguns encontros.
O Lucas conseguiu um emprego numa multinacional assim que terminou a faculdade. Eu não duvidava que teria uma carreira promissora. Eu também vi meus negócios ganharem novo impulso depois que passamos a viver juntos. Foi como se, de repente, as oportunidades não só se abrissem para mim, como caíssem espontaneamente nas minhas mãos. Em questão de três anos, minha diminuta frota de três ônibus passou a contar com dez, o que me fez deixar o volante para assumir a gestão da frota em franco desenvolvimento.
– O que está me olhando com essa cara de cachorrão faminto? – perguntou ele na noite do último dia de uma semana exaustiva para ambos, pouco depois de eu ter enchido o cuzinho dele de porra.
– Estava pensando no cara sortudo que eu sou depois de ter te conhecido. – respondi, o que o fez se aproximar de mim todo dengoso me afagando e me beijando.
– Eu só sei que você é o mais maravilhoso dos homens, e que sortudo sou eu por você me amar. – devolveu ele.
– Lucas, meu anjo da sorte! Eu já te disse o quanto você é lindo? Fico me perguntando o que você viu em mim, um sujeito que não te merece. – afirmei.
– Nunca mais diga isso! Você merece muito mais do que eu sou capaz de te dar. – retrucou ele, fazendo uma carinha de zangado que não combinava com ele. Beijei-o voluptuosamente.
– Associo a sua beleza à daquelas estátuas clássicas gregas que exibem um corpo escultural, perfeitinho em cada mínimo detalhe, até nesse seu pintinho lindo e nesse saquinho globoso. – asseverei, pois sempre achei que ele tinha sido esculpido só para mim.
– Exagerado! Que beleza pode haver no meu pinto?
– Sabia que ter o pênis pequeno era uma coisa boa para os gregos. Quem tinha um pintinho era considerado um ser lógico, que vivia longe da luxúria, da feiura e também longe da loucura. Quem tinha o pênis grande e avantajado, pelo contrário, era visto como alguém rude, pouco instruído, com poucos valores morais. Por consequência, a representação do nu logo foi associada à representação de personagens célebres e dignificados, ou por qualquer motivo merecedores de apreço social, como deuses, militares e atletas vencedores das Olimpíadas, eternizando publicamente suas qualidades em estátuas e pinturas que os mostravam em corpos belos, vigorosos, saudáveis e jovens. – afirmei.
– Depois você se considera um cara sem instrução, que vive repetindo que não está a minha altura, e cita algo que nem eu mesmo sabia. Não é porque você não cursou uma faculdade que deve se sentir menos que os outros. Leia e estude por você mesmo, não para me agradar ou aos outros. Veja o que você construiu? Veja sua empresa, quantos podem se orgulhar de ser tão bem-sucedidos? E digo mais, eu não concordo com o que você disse. Eu acho que esse cacetão maravilhoso e gostoso tem muito a ver com o seu sucesso. Eu pelo menos jamais o trocaria por nenhum outro, pequeno ou grande. Eu adoro ele do jeitinho que está. – retorquiu ele, com um risinho ladino e sedutor.
– É que eu li isso recentemente num livro sobre história da arte. Você é quem me levou a me interessar mais pela leitura, pelo conhecimento, quem sabe fico parecendo menos burro.
– Fico contente de saber que está se dedicando a ter mais conhecimentos, mas você sabe que eu nunca me importei com isso. Eu te amo com ou sem essas leituras, eu te amo pelo homem incrível que você é, eu te amo porque você é o meu homem. – devolveu ele
– Gosto quando você enche a boca para pronunciar – o meu homem! – exclamei.
– É porque é isso que você é, o meu homem! – afirmou ele, se encaixando no meu peito, onde o orgulho de tê-lo conquistado pulsava junto com o meu coração repleto de felicidade.